quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Mudança

Meus caros, o blog agora é em http://ygorcardoso.com. Actualizem os bookmarks e os feeds, sem medos.

sábado, 12 de setembro de 2009

Singapore



Faz este mês um ano que fiz a maior viagem da minha vida. Como na altura ainda não blogava, e bateu uma certa nostalgia, achei por bem a ocasião para colocar aqui um pequeno resumo da mesma. Isso e eu gostar de me armar em gabarolas. Adiante.

Para começar, e como há cabrões com sorte, a viagem foi completamente gratuita. Cortesia da Sporttv, passe a publicidade. A propósito do Grande Prémio de Singapura, o primeiro da história a ser disputado à noite, a Sporttv ofereceu 10 viagens às melhores frases que envolvessem "Fórmula 1" e "Sporttv"; a minha fórmula mágica: "Voar a 300 à hora sem ter brevet? É assistir à Fórmula 1 na Sporttv." Yes mothafucka! A meu cargo, só a alimentação, que é estupidamente barata naqueles lados: por 5 dólares locais (2 euros e meio) um homem fica bem alimentado, apesar de não saber bem com o quê, por vezes.

Assim como foi a viagem mais longa que fiz, foi também o local mais diferente de tudo que já vi. Ainda que duvide que Singapura seja um bom modelo de um país asiático "padrão", não deixou de ser um tremendo choque cultural.

Para começar, o visto de entrada no país que preenchemos no aeroporto traz logo o aviso: "death penalty for drug trafficking". Táu. E as penas de morte aplicam-se a estrangeiros/turistas. Entre outras leis duríssimas, é proibido vender pastilha elástica (!), é proibida a pornografia e é proibido ser-se homossexual e viver no país. Cortam todos os males pela raiz: para combater a sujeira nas ruas proibiram-se as pastilhas, para combater as drogas instaurou-se a pena de morte. O lado bom é que é das cidades mais limpas do mundo, o lado mau... fica pra pensar.

O segundo choque imediato para quem vive num país europeu: o clima. Dia e noite com a temperatura acima dos 30 graus, e humidade próxima dos 100%. Mal um gajo sai à rua, fica completamente empapado em suor. Em tudo o que é local fechado, os singapurenses ligam o ar-condicionado no máximo: choque térmico de 10 em 10 minutos, e uma tortura para as minhas (não) saudosas amígdalas. Mas adiante.

Como falei em singapurenses, convém aprofundar: a população é maioritariamente de origem chinesa, mas existem também bastantes malaios e indianos. As línguas oficiais são o inglês, o malaio, o mandarim e o tamil. Não há grandes misturas: para os chineses há Chinatown, para os indianos Little India, e por aí vai. Aparentemente, vivem todos em paz. Pudera, com aquele policiamento.

A trabalhar, são formigas autênticas. Nós já temos um cheirinho disso cá, com as lojas do chinês, mas lá é que tive a verdadeira noção dessa faceta asiática. Eles não saem das lojas para almoçar, ou melhor, eles não saem do balcão para almoçar: é comum sermos atendidos por um funcionário que está com o seu prato de comida no balcão, e a comer com as mãos! Em estações de metro enormes, podemos encontrar singapurenses a limpar o chão e as paredes com um paninho minúsculo, minuciosamente, durante todo o dia. O pouco ou nenhum lixo que se vê no chão, está constantemente a ser limpo, com pinças, pelos funcionários da cidade. Em vários locais, é comum vermos também pessoas de muita (mas muita) idade a trabalharem no duro; não sei se existe o conceito de reforma no país ou não.

Quanto à cidade em si, e todo a sua envolvência, é uma metrópole simplesmente deslumbrante, repleta de arranha-céus cinematográficos, e com uma simbiose perfeita entre a modernidade dos bares e esplanadas e os recantos tradicionais asiáticos, com os seus mercados e templos. Cada quarteirão é um mundo à parte.



Outro mundo à parte é a Ilha de Sentosa; com aquele calor abrasador, a perspectiva de ir para a praia refrescar era muito animadora, mas a praia de Sentosa é... artificial, e a água ainda é mais quente que o exterior! Ainda assim, vale a pena visitar a ilha, que é no fundo um tremendo parque temático com alguma natureza pelo meio. Quando lá estive, estava em construção um gigantesco resort da Universal Studios, que há-de ser qualquer coisa de brutal.

Sendo uma cidade-país, não é difícil percorrê-la de lés a lés num instante, com um metro (sem condutor) que funciona muito bem, e em que os táxis, que são mais que as mães, são bastante baratos e tem condutores muito simpáticos: certa vez apanhamos mesmo um que insistia em querer levar-nos para um sítio em que havia "massage, fuck fuck and blowjob". Recusamos, educadamente.



Nos três dias que lá estive, a cidade respirava Fórmula 1 por todo o lado. Sem ser grande fã (maior agora), foi impossível não ter ficado contagiado com aquele ambiente, com o barulho ensurdecedor dos motores a ecoar por toda a cidade, o impressionante aparelho de marketing e a organização que rodeou o evento. O local de onde assistimos a corrida não era dos melhores em termos de visibilidade, mas era uma recta entalada entre duas curvas e sempre dava para ver qualquer coisinha dos carros, que tinham que abrandar ligeiramente. Absolutamente memorável, e este ano parece que querem elevar a fasquia com concertos de mega-estrelas pelo meio, e a Beyonça à cabeça.

Gostava de ter tido pelo menos uma semaninha para conhecer tudo o resto, mas não vale a pena ser pobre e mal agradecido :)

domingo, 6 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fuck a Duck



É com grande prazer que anuncio que posso continuar a afirmar que adoro todos os filmes que Quentin Tarantino já realizou.

Inglourious Basterds é brutal, brutalíssimo, em todos os sentidos. Acho que um dos grandes trunfos do homem é que ele não se coíbe de esticar a corda até ao máximo, seja na violência gráfica, nos longos diálogos ou nas experiências de estilo. Desconfio que seja tudo feito inteiramente a pensar no seu próprio divertimento, e que ele tire um gozo do caraças do que faz: nós só temos a agradecer.

É difícil comentar mais sem revelar spoilers. Não acho que seja o melhor de todos, mas não consigo lhe apontar nenhum defeito de monta; a sua maior virtude, no entanto, é facílima de indicar, e dá pelo nome de Col. Hans Landa, ou "The Jew Hunter". Brilhante, espantoso, perfeito, tudo o que se disser é pouco. Óscar com ele, já!!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

É por estas e por outras...

... que me arrependo de ter passado ao lado do Francês no ensino básico.

Falo, por exemplo, da assombrosa actuação deste Monsieur:



Aquele suor todo, é literalmente transpirar classe. Música profundíssima, cantada a corpo inteiro. Parece até coisa nobre, ser putain d'Amsterdam. Não digo que não.

E oos poemas eróticos? Rimbaud e Verlaine, provavelmente após um farto enrabanço, escreveram "Sonnet du Trou du Cul"; trocando por miúdos, "Soneto do Olho do Cú", mas com muito mais classe:

"Obscur et froncé comme un œillet violet
Il respire, humblement tapi parmi la mousse
Humide encor d’amour qui suit la fuite douce
Des Fesses blanches jusqu’au cœur de son ourlet.

Des filaments pareils à des larmes de lait
Ont pleuré, sous le vent cruel qui les repousse,
À travers de petits caillots de marne rousse
Pour s’aller perdre où la pente les appelait.

Mon Rêve s’aboucha souvent à sa ventouse ;
Mon âme, du coït matériel jalouse,
En fit son larmier fauve et son nid de sanglots.

C’est l’olive pâmée, et la flûte caline ;
C’est le tube où descend la céleste praline :
Chanaan féminin dans les moiteurs enclos !"


Quase que apetece lá ir.

Um dia ainda acerto contas com esta langue.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Salto do Cabo Girão

Se algum dia sentirem necessidade de arruinar uma mota, façam-no assim:



Só assim vale a pena.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Leite Derramado

Sou suspeito para falar de uma obra do Chico Buarque: costumo dizer que se tivesse que me apaixonar por um homem, seria por ele. Ainda assim, tento fazer um esforço para manter a devida distância.

Leite Derramado é um romance leve, simples, e que se lê num piscar de olhos. O narrador e falso protagonista é Eulálio Montenegro d'Assumpção, um centenário e caquético velhote que vai desfiando as suas memórias no leito de morte.

Basicamente, é a história de uma aristocracia (ou de um país) que se vai desmoronando ao longo dos tempos, e dos cacos que foram sobrando pelo caminho.

O ambiente do livro é ensombrado pela tristeza, mas uma tristeza imaginativa e mirabolante, que constantemente nos diverte e delicia. Volta e meia encontramo-nos perdidos nos labirintos da memória de Eulálio, em meio a peripécias baralhadas e desconexas. Às tantas já não sabemos (nem o próprio) de que Eulálio ou Eulalinho da família se fala, a quem se está dirigindo a narração, se o tom é coloquial ou ordinário, e nem tampouco conseguimos discernir os sentimentos que se pretendem expressar (ciúmes ou vergonha, ódio ou desprezo, e por aí vai).

Com tamanha obra e génio musical, Chico há-de sofrer sempre o preconceito de ser visto como um músico que escreve. É natural e justificado: foi ele próprio que colocou a fasquia demasiado elevada, e essa fasquia ainda está longe de ser atingida. Ainda assim, a sua marca na literatura brasileira já está presente, inquestionavelmente (até já estava com as suas letras, mas isso são outros quinhentos).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Liedshow



Primeiro ponto: nem deveria haver qualquer tipo de discussão. Se houveram os precedentes, agora não há que chorar sobre o leite derramado.

Segundo ponto: é a posição mais carenciada da selecção nacional, e não há "nativo" melhor, ou que chegue perto. Nulo Gomes? Hugo Almeida? Poupem-me.

Terceiro ponto: há meninos que chegam à selecção sem nem português saberem falar, e com isso já ninguém se choca. Se tiver um "Da Costa" ou um "Da Silva" no nome e um pai de bigode e cachucho, já ninguém desconfia.

Quarto ponto: grande parte dos bons jogadores que a selecção portuguesa teve ao longo da história, não eram portugueses, com Eusébio à cabeça. As colónias faziam parte de Portugal na altura bla bla, my ass: faziam parte para os colonos brancos, Portugal significava o quê para os pretos?

Quinto ponto: estamos a falar de um homem que dá sempre o que tem e o que não tem em campo, e que tem muito mais a dar à selecção portuguesa do que o contrário (sem descurar os 31 anos de idade).

Sexto ponto: ninguém se chateie, que o futebol não é mais que um negócio, inclusive o de selecções.

Sétimo ponto: sou luso-brasileiro e sportinguista, é claro que há a minha dose de facciosismo neste comentário, não percam o vosso tempo a apontá-lo, iluminados!

Oitavo ponto: o que é uma injustiça do caraças é brasileiros que conheço estarem aqui há 20 anos e demorarem meses a obter resposta do pedido de nacionalidade.

Nono ponto: LIEDSON RESOLVE!
(mas já não chega a tempo de safar a selecção...)

Saga das Amígdalas - The Aftermath, Day 5

Hoje foi dia de check-up. Ponto de situação: a dor e o sofrimento durarão mais três tristes dias.

A princípio, no fim de semana será só dor residual, e o Doutor disse que na segunda-feira já posso ir à minha life, o que incluiu uma frase que quase me levou às lágrimas: "já poderás comer o que quiseres". É que nem sei por onde vou começar, mas a imagem abaixo tem me atormentado dia e noite...



E depois disto perdi a moral de escrever mais alguma coisa...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Insulto

É raro eu meter o meu bedelho em politiquices mas, segundo o Público de hoje, Zé Sócrates diz que:

Acusações de facilitismo são "insulto aos professores"(...)
O insucesso escolar caiu para metade em 12 anos.

E não é um insulto, para os cidadãos, levar com areia nos olhos tão descaradamente? Querer nos fazer acreditar que de um momento para o outro os alunos deram um salto qualitativo tão grande que lhes permita fazer disparar as médias e passar incólumes pelos diferentes anos de escolaridade sem saber ler, escrever e fazer contas de d'vdir, xôr engenheiro?

Ano após ano, eu bem tento querer votar em alguém que não o Branco, mas todos insistem em insultar a minha inteligência...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Saga das Amígdalas - The Aftermath, Day 3

O dia a seguir da cirurgia foi animador, mas ilusório. Ontem nem a sopinha fria que tão bem tinha sabido consegui comer. Dores, dores, dores.

As noites também são madrastas: um gajo a dormir não sente fome nem dor, mas quando acorda com a garganta ressequida, é do pior.

Enganei-me a respeito do meu melhor amigo, não é o Calippo: gelatina é o paraíso. Escorrega bem melhor que a água, refresca, hidrata e, como diz o Cota Isaac, o que é doce nunca amargou.

No pain, no gain!

sábado, 22 de agosto de 2009

Saga das Amígdalas - The End


Ygor's new BFF

Já era. Amigdalites, não mais.

Não vou mentir: dói pra ca*****.

O acordar da anestesia assustou um bocado: cheio de dores, sem conseguir respirar, ouvindo tudo à volta mas sem conseguir abrir a pestana. Passei bem a noite, mas cada vez que passa o efeito das drogas é um suplício.

No final, há-de valer a pena. Vou ali comer mais um Calippo e já venho.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Garganta Profunda

É agora, dentro de momentos. Desejem-me sorte.

See you in hell, amígdalas!!!!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Madeira, The End

Caindo no óbvio e no velho cliché: o que é bom acaba depressa. O tempo voou.

É um crime eu ter passado tanto tempo sem ir à Madeira, pois é um dos lugares onde eu me sinto quase em casa. Quase, porque em absoluto isso não acontece verdadeiramente em lado nenhum. Fica pra pensar.

Aviso aos incautos que fazendo scroll down podem ler o relato diário completo desta viagem, e que clicando no título do post podem ver (quase) todas as fotografias que tirei. Aconselho que se comece pelo começo, mas se assim não quiserem, não é grave.

Um pequeno resumo: enfrasquei-me de Brisa Maracujá, entupi-me de Bolo do Caco; refresquei a cabeça e limpei a alma; engoli fumo e bebi fogo; revi a família, vasculhei a memória; caminhei bastante, mergulhei bastante, e fundamentalmente, amei bastante, obstante nunca quanto baste.

A pérola do atlântico que nos aguarde, que com certeza a ela havemos de voltar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Madeira, dias 6 e 7

Dia madrugador, mas bem compensado. Partida para total relax na ilha de Porto Santo, a ilha dos Profetas, nome dado pelos madeirenses aos portossantenses. A recíproca é os Americanos.

A viagem não é barata, mas o barco (Lobo Marinho) é brutal. Mal se sentem as duas horas e pouco de viagem, pelo menos com o mar calmo que apanhamos.


O Lobo

Diferentemente da Ilha da Madeira, o Porto Santo possui um extenso areal de cerca de 9 km. A água, essa, ainda é melhor que na Ilha Mãe. Pena que, num sítio em que raramente chove, tenhamos apanhado uma molha do caraças à noite, mas a tarde foi completamente passada na praia, a lagartar.


Tanto mar, tanto mar

A viagem vale a pena, mas só mesmo por 1 dia ou 2, porque fora fazer praia... total marasmo. De qualquer forma, se não for a melhor praia de Portugal, não está longe disso.

Uma nota para a famosa "lambeca", o gelado de maior sucesso no Porto Santo. Fraquíssimo, artificial, não lhe vislumbro nada de interesse. Conhecessem estes madeirenses a gelataria Pintado, da Costa...